Duas gotas d'água entornaram o mar de insatisfações de Motta e Alcolumbre contra o governo
26/06/2025
(Foto: Reprodução) Derrota do governo foi, segundo governistas, o somatório de várias queixas. Sessão do congresso nesta terça-feira (17)
Andressa Anholete/Agência Senado
Nesta semana, dois episódios entornaram de vez o mar de insatisfações no Congresso em relação ao Executivo, levando à derrota histórica do governo Lula.
A última vez que o Legislativo havia derrubado um decreto presidencial tinha sido em 1992, na gestão de Fernando Collor de Mello, há seis meses de seu impeachment.
Do lado de Hugo Motta (Republicanos-PB), a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, veiculada na noite de terça-feira (24) com críticas aos deputados irritou o presidente da Câmara.
Do lado de Davi Alcolumbre (União-AP), a estratégia do governo de repassar apenas para a sua conta a responsabilidade pela derrubada dos vetos a jabutis do projeto de eólicos em alto-mar.
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Mas essas foram apenas as últimas gotas d’água no mar de insatisfação do Legislativo. Tanto no plenário da Câmara como no Senado, parlamentares citavam a lista de reclamações.
Encabeçando, a demora do governo em liberar o pagamento das emendas parlamentares. Em segundo, as ações do ministro Flávio Dino que estão travando a tramitação desses recursos.
Não para por aí. Deputados e senadores reclamam que Lula prometeu mudanças ministeriais, mas não as fez. Agora, por sinal, já não fazem mais questão. Entra na lista ainda os torpedos disparos de assessores presidenciais contra os dois.
Hugo Motta não gostou nada de ouvir que assessores de Lula estavam reclamando de sua postura e dizendo que estavam com saudades de Arthur Lira (PP-AL).
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Davi Alcolumbre estava muito irritado, com a cara de poucos amigos, por causa do que ele chama de operação comandada pelos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil) para transferir o ônus da queda dos vetos presidenciais para a conta do Congresso.
Ontem, Alcolumbre disparou críticas públicas a essa estratégia e lembrou que a derrubada dos vetos foi fruto de um acordo com o governo.
Além disso, afirmou que o governo mente ao dizer que a conta da derrubada dos vetos chega a R$ 35 bilhões. Segundo ele, não passa de R$ 1,2 bilhão. Ele diz que a MP que o governo estava preparando traria um custo maior, na casa de R$ 10 bilhões. O presidente do Senado acusou o governo de má fé.
O presidente do Senado, ao final da sessão de ontem, mandou sinais, porém, que as portas estão abertas para o diálogo.
Disse que a votação de ontem, com a derrota histórica do governo, não era o final de uma novela, mas apenas um capítulo dela. Ou seja, o governo pode mudar o seu final, mas, para isso, terá de entender os recados passados ontem pelo Legislativo.