Wanda Sá renova o repertório da bossa em álbum ancorado na mesma praia carioca que revelou a cantora em 1964

  • 26/06/2025
(Foto: Reprodução)
Músicas de Carlos Lyra e Roberto Menescal sobressaem na safra inédita do disco que festeja os 80 anos da cantora paulistana criada no Rio de Janeiro. Wanda Sá lança o álbum ‘Wanda Sá 80 anos’ amanhã, 27 de junho, com oito músicas inéditas entre as 11 faixas Marcos Hermes / Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: Wanda Sá 80 anos Artista: Wanda Sá Cotação: ★ ★ ★ 1/2 ♬ É sintomático que a capa do álbum Wanda Sá 80 anos – no mercado fonográfico digital a partir de amanhã, 27 de junho – remeta à imagem da capa de Wanda vagamente, disco que revelou em 1964 essa cantora paulistana de alma musical carioca associada à bossa nova. Tingidas com o azul da cor do mar, ambas as capas estão ambientadas nas águas do Rio de Janeiro (RJ), cidade em que se ergueu a onda revolucionária da bossa nova a partir de 1958. A imagem da capa de Wanda Sá 80 anos é referendada pela audição da maioria das 11 faixas do disco editado pela gravadora Biscoito Fino para festejar os 80 anos da artista. Oitenta anos que, a rigor, já se tornarão 81 na próxima terça-feira, 1º de julho. Bela tentativa de renovar o repertório da bossa com oito músicas inéditas entre as 11 faixas, algumas assinadas por papas do gênero como Carlos Lyra (1933 – 2023), Marcos Valle e Roberto Menescal, o disco flagra Wanda Sá ancorada na praia carioca de 1964, da qual a cantora nunca se afastou ao longo dos últimos 60 anos. Capa do álbum ‘Wanda Sá 80 anos’ Marcos Hermes Primeiro álbum de músicas inéditas da cantora desde Cá entre nós (2016), disco de tons outonais, Wanda Sá 80 anos apresenta boa safra inédita, formatada em estúdio com arranjos adequados que exalam o eterno frescor da bossa nova. Um destaque dos dois lotes de novidades é Não pergunte demais, típica bossa de Roberto Menescal com Abel Silva, autor dos versos ambientados em atmosfera carioca de sedução a dois. O arranjo luxuoso é do pianista Antonio Adolfo. O repertório do disco fala muito do azul do mar, do sol e do sal da praia. Cantado por Wanda com Isabel Lobo, o aliciante samba Tom do amor (Carlos Lyra e Ronaldo Bastos) soa como bossa à beira-mar em domingo azul. O arranjo é de Celso Fonseca. Joia da safra inédita, Tom do amor é Carlos Lyra à altura de Carlos Lyra! Wanda Sá desliza macia na mesma onda em A voz de sal, parceria de Jards Macalé com Romulo Fróes arranjada por Guto Wirtti. A voz sussurrante de Macalé recita versos, anuviando a gravação com tons noturnos, em bom contraste com clima ensolarado do disco, sem quebrar a atmosfera de leveza. Título menos luminoso do repertório inédito, Valsa nova é parceria de Bernardo Lobo – convidado da gravação da música – com a própria Wanda Sá, mãe do artista. Compositora bissexta, Wanda é a autora da letra em link com o álbum inicial Wanda vagamente, na qual assinou os versos de Encontro (1964), parceria com Nelson Motta. Contribuição póstuma de João Donato (1934 – 2023) para o álbum, Juntinho tem a bossa típica das melodias de Donato em parceria com Nando Reis, autor dos versos cantados por Wanda com Bebel Gilberto. O arranjo de Guto Wirtti é reverente à musicalidade do compositor e pianista acreano, mas Juntinho é um Donato menor. Wanda Sá lança disco com time de arranjadores que inclui Antonio Adolfo, Celso Fonseca, Cristovão Bastos, Guto Wirtti e Jessé Sadoc Marcos Hermes / Divulgação Entre as três regravações, a mais surpreendente (no bom sentido...) é a de A tarde (1981), pouco conhecida parceria de Francis Hime com Olivia Hime. O arranjo de Cristovão Bastos sublinha a atmosfera íntima e reflexiva da canção. Bastos assina (com Abel Silva) e também arranja Foi sim, samba-canção envolto na mesma ambiência íntima e meditativa de A tarde e de Só desalento, nublado samba-canção de Marcos Valle com Nando Reis, autor da letra nostálgica. Sofrência do álbum, Só desalento tem arranjo do saxofonista Jessé Sadoc. Já Se solta, coração pulsa mais leve na afinidade entre Wanda Sá e Joyce Moreno, parceira do poeta Paulo César Pinheiro nessa bossa em dueto, arranjada por Dori Caymmi com belo desenho de flautas. Canção norte-americana gravada por Wanda no clima da bossa, com direito à citação do samba Águas de março (Antonio Carlos Jobim, 1972) no arranjo de Adriano Souza, There will never be another you (Harry Warren e Mack Gordon, 1942) é lembrança que se justifica porque a gravação feita em 1954 pelo cantor e trompetista Chet Baker (1929 – 1988) influenciou vários compositores que contribuíram de forma decisiva para o repertório da bossa nova. Em contrapartida, a canção cristã Ame ao Senhor (Guilherme Kerr e Sérgio Pimenta, 1989) soa como alien no fecho do disco porque a temática religiosa destoa do universo musical e poético dos que rezam pela cartilha da bossa nova. No todo, o álbum Wanda Sá 80 anos prima pela elegância dos arranjos, do canto suave da artista (a própria essência da bossa nova) e pelo bom nível de repertório em que se elevam sobretudo as músicas inéditas de Roberto Menescal e Carlos Lyra. Wanda Sá canta ‘Valsa nova’, parceria com o filho, Bernardo Lobo, Marcos Hermes / Divulgação

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/06/26/wanda-sa-renova-repertorio-da-bossa-em-album-ancorado-na-mesma-praia-carioca-que-revelou-a-cantora-em-1964.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

No momento todos os nossos apresentadores estão offline, tente novamente mais tarde, obrigado!

Top 5

top1
1. Leão

Marília Mendonça

top2
2. Nosso Quadro

AgroPlay & Ana Castela

top3
3. Erro Gostoso

Simone Mendes

top4
4. Bombonzinho

Israel & Rodolffo, Ana Castela

top5
5. Oi Balde

Zé Neto & Cristiano

Anunciantes